jueves, 20 de marzo de 2014

Tengo miedo, Pablo Neruda

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Tengo miedo. La tarde es gris y la tristeza
del cielo se abre como una boca de muerto.
Tiene mi corazón un llanto de princesa
olvidada en el fondo de un palacio desierto.

Tengo miedo -Y me siento tan cansado y pequeño
que reflejo la tarde sin meditar en ella.
(En mi cabeza enferma no ha de caber un sueño
así como en el cielo no ha cabido una estrella.)

Sin embargo en mis ojos una pregunta existe
y hay un grito en mi boca que mi boca no grita.
¡No hay oído en la tierra que oiga mi queja triste
abandonada en medio de la tierra infinita!

Se muere el universo de una calma agonía
sin la fiesta del Sol o el crepúsculo verde.
Agoniza Saturno como una pena mía,
la Tierra es una fruta negra que el cielo muerde.

Y por la vastedad del vacío van ciegas
las nubes de la tarde, como barcas perdidas
que escondieran estrellas rotas en sus bodegas.

Y la muerte del mundo cae sobre mi vida



Poeta de Luna
Cassino marzo de 2014

Oscuridad II


 Tendrás que ver la vida
 dentro tuyo,
 sin pensamientos.....
detrás estará la oscuridad
el humo de habano es nebulosa
tu vida es nebulosa
la soledad de tu boca
esta, frente a frente,
no hay pájaros volando
en esta noche,
solo viento
viento que estremece
remolinos que hieren
detrás de la oscuridad
esta solo la oscuridad
espero tu pubis luminoso
para prolongar mis días
la luz de tu boca
para aplacar mi sed
tus manos sanadoras
para aliviar el dolor
de mis heridas
el aroma de tu cuerpo
hueles a jazmines
naranjos en flor
tu camino
es luz, ilumina
la fase oscura de mi alma  
  
Poeta de Luna

Cassino, marzo de 2014

jueves, 6 de marzo de 2014

insuportabilidade cotidian

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Fragmentos do artigo do Elydio dos Santos Neto Marta Regina Paulo da Silva

Vivemos um tempo no qual o capitalismo se expande e se reproduz sob a sua mais recente aparência: o neoliberalismo e a globalização da economia. Esse movimento que proclama o “fim da História” traz, por meio das palavras daqueles que o defendem, a afirmação da inutilidade e do vazio das utopias, e diz não ser possível outra ação a não ser a de aperfeiçoar o sistema capitalista. Para os defensores destas idéias, não há como pensar a transformação da sociedade: o futuro será necessariamente o capitalismo melhorado ou não será, ou seja, não há nada de novo pela frente. E, portanto, não há mais lugar para o sonho, a utopia e a esperança, sobretudo, quando estes têm por objetivo transformações radicais, como é o caso da transformação da sociedade capitalista.
Tudo é muito rápido e, dentro da lógica capitalista, “tempo é dinheiro”, não podemos perder tempo. Corremos atrás de um tempo que nunca chega: o amanhã, depois, mais tarde, agora não dá..., não vivemos o tempo presente. No presente corremos atrás das informações e novidades, que nos chegam cada vez mais velozes e que terminam por não serem apreendidas por nós, o que as torna quase sempre descartáveis. Consumimos as novidades, engolimos o que nos chega sem apreciar o seu sabor e, com a mesma facilidade com que engolimos também as eliminamos, para então ingerir novas informações. Não há tempo para a digestão.
Vivemos agitadamente o mundo, aligeiradamente a vida. Não podemos parar. Estamos “ligados”, constantemente excitados e, justamente por isso, nada nos acontece. Benjamim, em 1913, dizia que a máscara do adulto chama-se “experiência”, sendo ela impenetrável, inexpressiva, sempre igual; e hoje, não continuamos a nos esconder com tal máscara? Falas como: “eu tenho vinte anos de experiência”, “sempre fiz assim e deu certo”, “eu sei o que estou dizendo, já passei por isto”... não mascaram o medo que temos de nos permitir o desconhecido, o imprevisível? Não teria tal máscara a função de nos proteger de nós mesmos pela falta de sentido da vida, pelos sonhos não realizados, pelas paixões não vividas, pelo isolamento, pela infância não respeitada? Tirada a máscara o que realmente experimentamos?
A modernidade capturou-nos com sua pretensa objetividade em detrimento de nossa subjetividade; exaltou a razão, desprezou a paixão, o corpo; a ciência transformou experiência em experimento, a quantificou; a infância silenciou sua voz, acreditou ser ela inferior, inútil. A modernidade consagrou a maioridade, entendida como racionalidade, maturidade, emancipação e liberdade. Estamos fadados a fazer necessariamente este caminho? A experiência como constitutiva do modo humano de ser está para sempre destruída? Ou existirão outros modos de ver o mundo e a vida que nos permitam retornar às origens infantis da experiência?.

Cassino 6 de marzo de 2014