Pierre Burgelin assim resume o pensamento de Rousseau em seu prefácio à obra
"O homem original é uma espécie de animal tranquilo, movido por poucas
necessidades, indiviso, sem coerção e, consequentemente, feliz, ligado
apenas ao presente. Mas permanece "estúpido e limitado". Ora, segundo
sua natureza, ele também é perfectível, portanto chamado a se
desenvolver. Aqui intervém a sociedade: apenas ela permite que se
adquira a palavra, a memória, as ideias, os sentimentos, a consciência
moral, em suma, as luzes. Infelizmente, essa educação dos homens foi
feita ao acaso, sem princípios, sem reflexão, sem respeito pela ordem
natural. O resultado é um estado em que as necessidades do homem se
multiplicam, em que ele não as pode satisfazer sem o outro: torna-se
cada vez mais fraco, cada vez mais dividido e preocupado, cada vez menos
livre. vive num estado de "agregação", onde cada um pensa em primeiro
lugar em si mesmo, luta a fim de se fazer reconhecer e dominar. Para
sobreviver é preciso fazer-se aceitar, submeter-se ou impor-se, portanto
preocupar-se com a opinião dos outros. Esta é a pior escravidão:
precisamos dissimular o que somos, parecer o que não somos. O homem
natural se destrói sem se realizar, um eu fictício vai formando-se aos
poucos e substitui nosso verdadeiro eu. Todos ficam divididos e
infelizes, e acabam se acomodando com seus grilhões".
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